A primeira vacina de dose única contra a dengue do mundo foi aprovada na quarta-feira (26) no Brasil, um avanço considerado “histórico” pelas autoridades do país, o mais afetado pela doença no ano passado.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso da Butantan-DV, desenvolvida pelo Instituto Butantan de São Paulo, para pessoas de 12 a 59 anos.
Até agora, a única vacina disponível contra a dengue a nível mundial é a TAK-003, que requer duas doses com três meses de intervalo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A vantagem de uma única dose é que poderia facilitar a adesão do público e simplificar a logística das campanhas de vacinação, um fator crucial para combater a doença.
“É um feito histórico para a ciência e a saúde do Brasil”, declarou Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan, um centro de pesquisas público, durante o anúncio à imprensa em São Paulo.
“Uma doença que nos aflige há décadas agora poderá ser enfrentada com uma arma muito poderosa”, acrescentou.
A nova vacina mostrou uma eficácia de 74,7% contra a dengue sintomática e de 91,6% contra a dengue grave, segundo ensaios clínicos que envolveram mais de 16 mil voluntários em 14 estados brasileiros ao longo de oito anos.
Transmitida por picadas de mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectados, a dengue pode provocar febre alta e dores musculares e, embora geralmente seja leve, às vezes pode ser grave ou até fatal.
Em 2024, o Brasil registrou 6,5 milhões de casos prováveis, quatro vezes mais do que em 2023, e mais de 6 mil mortes, segundo dados oficiais.
A nível mundial, a OMS reportou mais de 14,6 milhões de casos e quase 12 mil mortes no ano passado, o número mais alto da história.
As mudanças climáticas agravam a situação. Um estudo da Universidade de Stanford publicado em 2024 estimou que o aquecimento global é responsável por 19% dos casos atuais de dengue.
Os mosquitos transmissores da doença estão se espalhando para além das zonas tropicais e subtropicais tradicionais, alcançando regiões como a Europa.
O Butantan fechou um acordo com a empresa chinesa WuXi para entregar aproximadamente 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026, explicou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também presente na coletiva.
© Agence France-Presse
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