O empresário Augusto Ferreira Lima foi preso pela Polícia Federal na última terça-feira (18), na operação Compliance Zero. Baiano de 46 anos, era sócio de Daniel Vorcaro desde 2019 no Banco Master. Lima comprou a Ebal (Empresa Baiana de Alimentos) em 2018, durante a gestão do então governador Rui Costa (PT). A aquisição da estatal baiana marcou o início da ascensão do empresário no setor financeiro.
Segundo informações do jornal O Globo, a compra da Ebal ocorreu em 2018, sendo a terceira tentativa do governo estadual de privatizar a empresa. Augusto Lima adquiriu a estatal, que incluía a rede de supermercados Cesta do Povo, pelo valor de R$ 15 milhões.
Apesar de a Ebal ser uma rede de varejo, o foco da operação foi o braço financeiro. O antigo cartão da Cesta do Povo foi transformado no Credcesta, um cartão de crédito consignado. O Credcesta permitia a servidores públicos estaduais acesso a empréstimos e saques com desconto direto em folha.
A expansão do produto contou com o apoio logístico do estado. Segundo apuração do Poder360, em 2019, o portal oficial RH Bahia informou o envio dos cartões para as residências dos servidores ativos e inativos, sem que estes tivessem solicitado previamente.
Credcesta virou banco
O Credcesta foi levado por Lima ao Banco Master em 2020, onde ele se tornou sócio de Daniel Vorcaro. Em maio de 2024, Lima deixou a sociedade e adquiriu o Banco Voiter, renomeando-o para Banco Pleno.
Lima realizou aportes de capital no Banco Pleno que somam R$ 160 milhões. Atualmente, o Banco Pleno detém a totalidade da operação Credcesta.
Honraria na Alba
Em janeiro de 2025, a Assembleia Legislativa da Bahia aprovou a concessão da Comenda Dois de Julho a Lima. A honraria foi proposta pelo deputado estadual Vitor Azevedo (PL). O requerimento de Azevedo se referia a Lima como “acionista e CEO do Banco Master”.
No plano federal, Lima é casado com Flávia Peres, ex-esposa de José Roberto Arruda. Ela foi ministra da Secretaria de Governo na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O que diz a defesa
A defesa de Augusto Lima, representada pelos escritórios Figueiredo & Velloso e Sebástian Mello, Marambaia & Lins, divulgou nota à imprensa. O texto afirma que as investigações da PF se concentram em fatos posteriores à saída de Lima do Banco Master, em maio de 2024.
“As operações atualmente investigadas são posteriores à sua saída [do Banco Master] e, portanto, não guardam qualquer relação com sua atuação profissional”, diz a nota.
Leia a nota na íntegra:
NOTA À IMPRENSA
A defesa de Augusto Lima informa que recebeu com absoluta surpresa a operação deflagrada nesta data. Augusto Lima já havia se desligado definitivamente de todas as suas funções executivas no Banco Master em maio de 2024.
As operações atualmente investigadas são posteriores à sua saída e, portanto, não guardam qualquer relação com sua atuação profissional ou com decisões tomadas durante sua permanência na instituição.
Augusto Lima possui histórico ilibado, reconhecido no mercado financeiro e sua atuação sempre foi pautada pela legalidade, transparência e responsabilidade. A defesa tem plena confiança de que a apuração demonstrará a absoluta inexistência de vínculo entre Augusto Lima e as operações objeto da investigação.
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